Juliana Holanda
24 de out de 20171 min
Atualizado: 31 de ago de 2019
Uma das minhas alunas mais questionadoras, certo dia, me solta essa: -Tia porque você nunca responde as nossas perguntas?
Na hora me desmontei, e fui puxar na mente quando não tinha respondido. Como não achei nada, perguntei: – Quando foi que eu não respondi? Ela lindamente cruzou os braços, entortou a boca e disse “tipo, agora”! Daí eu entendi do que ela estava falando.
Vou citar um exemplo que já aconteceu várias vezes, nós acabamos de voltar do refeitório passamos no banheiro e no bebedouro, dez minutos depois um aluno se aproxima e automaticamente vem todo esse processo:
– Posso ir beber água?
– O que você acha?
– Acho que não.
– Por quê?
– Por que acabamos de vir do bebedouro.
– E porque você não bebeu água?
– Por que estava brincando.
– E o que você vai fazer da próxima vez.
– Beber água na hora certa.
– Então vai se sentar, que daqui a pouquinho é a hora do intervalo e você bebe água.
A resposta NÃO seria cômoda, rápida e prática pra mim, mas ao dar um passo pra trás e pensar sobre qual é a minha intenção com esse aluno, como eu quero ajudá-lo a se tornar um indivíduo pensante, crítico e até disciplinado eu posso aproveitar as pequenas coisas do dia-a-dia para fomentar a sua reflexão.
Falar de responsabilidade e consciência para uma criança é muito abstrato, mas fazê-lo esperar para beber água porque ele teve essa oportunidade e não aproveitou, isso é concreto, é real, está dentro do mundo dele. Mas ele precisa tomar essa consciência, e respostas rápidas e prontas não proporcionam isso.